Por que e como diversificar sua reserva de emergência

– Diversificação é o último almoço grátis. Essencial para os investimentos.

– Ok, e onde está a sua reserva de emergência.

– 100% no Tesouro Selic.

  • Você se vê nessa leve inconsistência?
  • Acha diversificação essencial mas concentra sua reserva?
  • Não consegue pensar em outros lugares para alocar sua reserva?

Siga lendo e eu vou te explicar por que e como você deve diversificar sua reserva de emergência.

Por que diversificar sua reserva de emergência

A resposta curta é: porque as coisas podem dar errado em diferentes lugares em qualquer tempo.

Da mesma forma que não devemos colocar todos os ovos em um mesmo cesto quando falamos dos nossos investimentos, também não podemos fazê-lo quando falamos da nossa reserva.

Isso poderia ser confundido com pessimismo barato. E eu sou um excelente pessimista, modéstia a parte (se é que isso é digno de exaltação). Eu explico.

Existem alguns locais comuns de alocação de capital quando falamos em reserva de emergência:

  • Dólar;
  • Colchão;
  • Poupança;
  • Tesouro Selic;
  • Fundo Referenciado DI D+0;
  • CDB de bancão com liquidez diária.

Cada um tem sua fortaleza e cada um tem sua fraqueza.

O dólar é uma moeda que guarda mais valor do que o real ao longo do tempo.
Porém você não consegue pagar nenhum serviço com dólar.

Guardar reais em casa, no colchão, é uma forma de ter dinheiro em espécie em casa. Liquidez imediata.
Mas o real é uma moeda fraca e ter dinheiro em espécie, com a nossa inflação, é vê-lo se desvalorizando.

A Caderneta de Poupança dá acesso fácil a quem tem dificuldade com tecnologia e tem o dinheiro em meio eletrônico, além de ter liquidez quase imediata.
Só que rende menos que a inflação a depender da nossa taxa Selic e já foi alvo de apropriação governamental.

O Tesouro Selic acompanha a taxa Selic Meta que controla a inflação medida oficial, ou seja, normalmente a supera.
Porém o sistema do Tesouro Direto não oferece liquidez imediata, pode ser de difícil entendimento para não iniciados e as negociações são suspensas em momentos de alta volatilidade.

Fundos referenciados DI D+0 possuem rentabilidade similar ao Tesouro Selic, estão mais longe do acesso do governo e possuem liquidez quase imediata.
Mas também podem ser de difícil entendimento e acesso por quem tem pouca familiariedade com tecnologia.

O CDB de bancão tem rentabilidade similar ao Tesouro Selic e pode ter liquidez diária.
Mas essa liquidez está sujeita à disponibilidade de recompra do banco que pode não existir quando você mais precisa.

Cada serviço tem sua limitação. Cada serviço tem sua virtude.

Para não ser pego por imprevistos do “sistema” e ter sempre sua reserva disponível de alguma forma, precisamos escolher com sabedoria onde alocar o capital.

Como diversificar sua reserva de emergência

Eu citei os diferentes instrumentos normalmente usados para reserva de emergência.

Faço aqui uma adição. Existe um que raramente é considerado que é a conta corrente do banco. Sua vantagem é ter liquidez instantânea. O capital está pronto para ser usado. Hoje em dia, quando o PIX domina as nossas transações, o dinheiro na conta corrente tem até mais liquidez do que dinheiro em espécie. Porém não rende nada.

Uma reserva sólida se dá pela sua inteligente alocação e saber o que a sua reserva representa: um seguro.

Reserva de emergência não é investimento. É um seguro.

Existe uma diferenciação que é muito perceptível entre as diferentes opções. As que rendem algo similar à taxa SELIC, não são tão líquidas. As que são muito líquidas, não rendem muito.

Assim podemos dividir os instrumentos de reserva pela sua liquidez.

Alta liquidez (conseguimos usar quase na hora):

  • Dólar;
  • Colchão;
  • Poupança;
  • Conta corrente.

Baixa liquidez (precisamos de um tempo para poder usar, a partir do momento que decidimos usar):

  • Tesouro Selic;
  • Fundo Referenciado DI D+0
  • CDB de bancão com liquidez diária.

Assim, podemos dividir nossa reserva de emergência entre alocações de alta liquidez, para atender as nossas expectativas e necessidades imediatas; e alocações de baixa liquidez, que apesar de não estarem tãodisponíveis, são mais rentáveis e sustentáveis considerando a nossa inflação.

Para isso precisamos pensar estrategicamente. E vou me citar como exemplo.

Uma parte da minha reserva fica na conta corrente. Eu sempre procuro ter o dinheiro para as despesas do mês que vêm na conta.
Além disso, tenho “dinheiro no colchão”. Não é muito. Mas nunca estou zerado de dinheiro em espécie.
O restante está em um fundo referenciado DI D+0.
Além disso, não me preocupo muito com percentuais e sim com valores absolutos. Ao invés de contar se 10% está no colchão ou 70% está no fundo DI, monitoro os valores.

Primeiro, considere o quanto você acha prudente ter disponível em alta liquidez. Tudo? Nada? R$1.000,00? R$2.000,00?
Depois, escolha seu(s) instrumento(s) de baixa liquidez, com foco na rapidez e na segurança, e não na rentabilidade. O CDB de liquidez diária do Banco da Tia Teteca, que paga 300% do CDI, é menos indicado do que o CDB de liquidez diária do Itaú, que paga 98% do CDI.

Considere uma pessoa que possui R$1.000,00 no colchão, R$4.000,00 na poupança, R$10.000,00 num fundo referenciado DI D+0 e R$15.000,00 no Tesouro Selic, como sendo sua reserva de emergência. Isso significa que ela tem R$30.000,00 no total. R$5.000,00 para uso imediato, que pode cobrir a quebra de uma peça importante no carro, ou o conserto emergencial de um telhado. R$25.000,00 estão disponíveis para liquidez no mesmo dia ou no máximo no dia seguinte para emergências mais custosas.

O benefício disso tudo é que, caso você vá fazer o resgate da sua reserva e “o sistema caiu”, o aplicativo do banco não funciona, a Receita Federal está de greve, ou qualquer que seja o “imprevisto”, você tem outras fontes de capital e não precisa recorrer de maneira imediata ao crédito.

O objetivo é, aumentar a nossa tolerência a imprevistos, nos tornar mais resilientes, para que possamos tocar nossa vida com mais tranquilidade.

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